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13 julho 2008

Derrière le miroir


O espelho nos ilude e nos agride. Mostra o que queremos ou o que não queremos à revelia. Mas é limitado a apenas um aspecto...

CRASH!

Alguém já teve o prazer (ou desprazer) de olhar (ou se olhar) em um espelho quebrado? É incrível como a experiência muda. De repente vemos vários pedaços do mesmo alvo, que apesar de ainda formarem o mesmo todo, são cada um deles realçados. Pois somos seres unos formados por nossos desejos, fraquezas, pensamentos, sentimentos, espírito, carne, sonhos... Um grande quebra cabeça que se desmonta e remonta-se a cada instante, somando experiências e subtraindo desilusões, recriando-se dia após dia. Cada caco é parte do todo, que por sua vez não o seria não fosse a essência de cada pequena parte.

Mas essa multiplicidade, essa fragmentação, não diz respeito apenas aos seres humanos, nem mesmo atém-se aos seres vivos. Toda a realidade na qual vivemos é igualmente despedaçada, tal qual um grande mosaico que nunca fica pronto. Quando olhamos à nossa volta, tudo o que vemos passa antes por nossas convicções e impressões, ou seja, cada um percebe a realidade conforme sua própria mente já fragmentada. Mas não é só isso que faz com que a realidade seja fragmentada, afinal, não passaria de mais um reflexo da mente fragmentada. O que a torna fragmentada é sua própria natureza caótica, gerando desordem a partir de regras rígidas, alterando nosso universo a cada instante.

Pra concluir esse ponto de vista desconexo (apresentado por um interlocutor que, obviamente, é múltiplo e confuso), há ainda a união de ambos os fatores, mente e universo. Afinal, nós alteramos o universo conforme nosso ponto de vista, e este nos influencia conforme o andar dos acontecimentos cósmicos que nos rodeiam.

E ainda dizem que a improbabilidade infinita está fora de nosso alcance...

1 comentários:

flucka disse...

Impossível não traçar um paralelo com Fernando Pessoa e a fragmentação que existe em cada um de nós. Fragmentação essa que, querendo nós ou não, faz parte de cada um de nós e que torna cada ser humano único em sua complexidade. O engraçado é que, apesar de complexo, cada ser humano procura por uma união desta fragmentação de si próprio, formando muitas vezes um mosaico bem diferente do que o inicial. É uma eterna busca pela perfeição. Perfeição que, quando não tem um alvo, somente é construída em cima de experiências, se tornando vazia quando estas perdem seu significado.